O filme que recomeça a franquia Sexta-Feira 13 nos cinemas tem Jared Padalecki no papel de um jovem em busca de sua irmã, uma garota que desapareceu na região de Cristal Lake. Qualquer fã de cinema que conheça a geografia da Sétima Arte sabe que o local é a reserva de caça do maníaco Jason Vorhees, então não é difícil imaginar que o ator texano, conhecido nas telinhas como Sam Winchester da série Supernatural, tem algumas cenas bastante intensas no filme. Conversamos com ele em Los Angeles durante a divulgação do longa-metragem sobre como foi atuar em uma das mais queridas franquias do gênero no cinema e ao lado de um ícone moderno do horror.

Supernatural, A Casa de Cera , Cry Wolf e agora Sexta-Feira 13. O que te atrai tanto no gênero de horror?

Foi tudo meio que uma coincidência. Não vou atrás especificamente de projetos de horror, tanto que quando chegaram com o roteiro de Sexta-Feira 13 eu inicialmente recusei. Mas aí vi que era um filme de Platinum Dunes e que Marcus Nispel seria o diretor. Quando eu fiz Casa de Cera, Joel Silver fez o elenco inteiro assistir ao Massacre da Serra Elétrica que ele refilmou. E ele lembro de ter pensado “isso é muito bom. É muito melhor do que precisa ser”. Pra mim, um filme de terror não precisa de muito para ficar bom, mas Massacre é ótimo. Enquadramentos incríveis, iluminação bacana, personagens sexy e bem desenvolvidos… Aí resolvi aceitar Sexta-Feira 13.

Quando foi isso?

Foi no final da greve de roteiristas, logo que descobri que filmaríamos mais quatro episódios de Supernatural depois da greve. Eu estava prestes a viajar para Vancouver, onde filmamos a série, quando meu agente me ligou e disse que ia me mandar esse roteiro – e que era para que eu lesse. E eu, “ok, vou ler no fim de semana”, e ele “é pra ler já, vamos a uma reunião juntos à noite”. Fiquei confuso. Como tanta gente, não sabia direito em que episódio a série tinha parado, se ela ainda era relevante… Mas a reunião era com Brad Fuller e Marcus Nispel e eles venderam a idéia do recomeço, o estilo… aceitei na hora.

A série Sexta-Feira 13 sempre foi conhecida por ter mulheres nos papéis principais. Mas neste há uma inversão.

Sim! Me sinto ótimo com isso. No horror em geral é sempre a menina que salva o dia, mas não sem antes correr o filme inteiro da ameaça. Na maioria das vezes a história é contada de um ponto de vista feminino. Neste aqui, sei lá… vai ver que viram qualidades femininas em mim. Ahahaha. Falando sério, acho que mais do que um protagonista masculino, este filme tem dois protagonistas, um casal. Fiquei bastante satisfeito com essa idéia e como ela foi desenvolvida.

Há várias mortes muito legais no filme. Você tem uma favorita?

Tenho! Eu estava do lado, então pude experimentá-la ali no set. É a do atiçador de brasas no olho. Ela brinca com um medo irracional, mas muito engraçado. Sabe quando alguém bate na porta e você tem meio receio de colocar o olho no olho mágico? Essa cena justifica esse medo, com o policial olhando pelo buraco e Jason enfiando o atiçador no olho dele. Sem falar que acho que ela estabelece que não apenas Jason está lá fora, mas que ele também conhece bem a casa e está em todo lugar.

Depois de fazer tantos filmes de horror, o que te assusta?

Não tenho medo de coisas sobrenaturais ou monstros. Meus medos são mais terrenos. Sei lá, tenho medo de que coisas ruins aconteçam com pessoas que amo, como todo mundo tem. E de ursos! Não adianta correr de um urso, não adianta subir em árvores, eles correm mais que você e sobem em árvores também… Ehehehehe, fazendo um paralelo com a interpretação de Derek de Jason, eu sempre sentia que estava parado na frente de um urso quando Jason aparecia. Eu não podia enfrentá-lo porque ele é mais forte. Não podia correr dele porque ele é mais rápido. Nadar, ficar parada… nada adianta quando você encontra Jason.

Mas você tem uma cena ótima de briga com ele.

Foi uma briga boa, sim. Uma cena bastante física. Levamos cinco dias pra filmar aquela sequência do celeiro. OK, é cinema, não é de verdade. Mas experimente ser jogado no chão uma dezena de vezes… você começa a ficar dolorido. Mas me preparei bem pra ela com um treinador e também na série Supernatural, na qual tenho sempre cenas de luta.

Em que ponto está sua carreira hoje? Você tem que fazer muitos testes ou os roteiros chegam tendo você como opção?

Um pouco dos dois. Eu acho que se um produtor quer trabalhar comigo ele só tem que comprar um DVD para ver se eu sei atuar ou não. Depois é só uma questão de almoçarmos juntos para ver se eu sou um idiota ou não. Depois que se estabelece que ambos são normais, fica aquela relação que pode gerar frutos no futuro. Testes para papéis eu faço muito raramente, porque simplesmente odeio esse processo. Acho impossível que alguém consiga avaliar o trabalho de outra pessoa com um roteiro que você lê ali na hora… Você simplesmente não consegue ser tão bom quanto poderia.